“OLMIRA LEAL DE OLIVEIRA”, popularmente conhecida como “Cabo Toco”, esta mulher caçapavana de pequena estatura, nascida em 1902, desafiou todos os padrões femininos da década de vinte devido a sua participação como enfermeira e combatente nas Revoluções de 1923, 1924 e 1926
(as duas últimas contra o regime da República Velha). Alistou-se como enfermeira do 2º corpo auxiliar da Brigada Militar em 1923, porém fardou-se, e, com 21 anos além da valise com o material de socorro, levava um mosquetão Mauser.
(as duas últimas contra o regime da República Velha). Alistou-se como enfermeira do 2º corpo auxiliar da Brigada Militar em 1923, porém fardou-se, e, com 21 anos além da valise com o material de socorro, levava um mosquetão Mauser.
Saiu de Caçapava do Sul, - onde morava juntamente com sua mãe e sua irmã, pois que seu pai já havia falecido – com a corporação da Brigada Militar, para defender Borges de Medeiros (Chimangos), na época reeleito para governar o Estado, para o descontentamento de Assis Brasil
e de seus aliados (Maragatos), este, concorrente ao mesmo cargo político, o qual fazia parte do Partido Libertador, representando a oligarquia da fronteira Inicialmente trabalharia na Revolução de 1923, por convite do Coronel João Vargas de Souza, apenas como enfermeira, porém apaixonada por “queimar cartucho” – como ela mesma dizia – participou também dos combates, pois aos 15 anos de idade comprara seu primeiro revolver (um 32), com o qual dava tiros só para ver a bala sair.
e de seus aliados (Maragatos), este, concorrente ao mesmo cargo político, o qual fazia parte do Partido Libertador, representando a oligarquia da fronteira Inicialmente trabalharia na Revolução de 1923, por convite do Coronel João Vargas de Souza, apenas como enfermeira, porém apaixonada por “queimar cartucho” – como ela mesma dizia – participou também dos combates, pois aos 15 anos de idade comprara seu primeiro revolver (um 32), com o qual dava tiros só para ver a bala sair.
Segundo seus relatos em uma reportagem da Revista ZH de 17/05/1987, conta nunca ter temido nada, e, apesar de ter lutado por 10 anos na corporação da Brigada Militar, nunca foi ferida; em 1923 realizou um serviço de espionagem no acampamento militar de Zeca Neto (comandante da facção de Assis Brasil), o qual, segundo ela, havia sido noivo de sua mãe na juventude; por tal razão, não a mal tratou e ainda a aconselhou a abandonar a causa de Borges de Medeiros, voltar para casa e cuidar de sua mãe, pois estaria ela se arriscando por um governo que não lhe estenderia a mão quando ela precisasse.
Na mesma oportunidade comeram churrasco e tomaram chimarrão, enquanto ela colhia as informações necessárias para montar uma estratégia de ataque. Não sabia ela que Zeca Neto estaria coberto de razão. “Cabo Toco” percorreu os campos de batalhas na Revolução de 1923 até seu fim com o pacto de Pedras Altas, onde Borges de Medeiros foi confirmado no governo, porém comprometendo-se de não buscar reeleição novamente.
Após vieram as Revoluções de 1924 e a 1924, em 1929 andou batalhando até no sertão do Paraná, mas foi em 1932 que termina sua trajetória nos campos de batalha. Em 17/07/1963 foi graduada a “Cabo” pelo Coronel João Vargas de Souza da Brigada Militar de Caçapava do Sul, devido aos serviços de enfermeira e combatente prestados nas Revoluções em que participou atuando no 2º, 10º e 23º corpos auxiliadores da Brigada Militar Estadual.
A ela foi oferecido, também pelo Coronel João Vargas de Souza, o posto de Sargento, o qual ela recusou por achar que seria obrigação demais, já que ela atendia muita coisa na época. Morando em Cachoeira do Sul, viuvou no ano 1954 logo após ter casado-se em 1951 com Antônio Martins da Silva. Sem filhos, passou a viver da mísera pensão deixada pelo marido, já que da Brigada Militar nunca recebera nada pelos serviços prestados.
Passou o resto de sua vida morando em um casebre sem água, luz, repartições internas, em meio a mais completa pobreza, passando todo o tipo de necessidade, no bairro de Ponche Verde em Cachoeira do Sul. Foi em 1986 que Nilo Bairros de Brum em meio a um processo cirúrgico, conversando com seu médico Odoli Barros, natural de Cachoeira do Sul, acabou conhecendo um pouco da história de Olmira Leal de Oliveira. O fascínio foi tanto que o fez procura-la pessoalmente para saber mais sobre sua trajetória, para poder então compor a bela poesia “Cabo Toco”, que, musicada por Heleno Gimenez e interpretada por Fátima Gimenez na V Vigília da canção Gaúcha – Festival de música Nativista da cidade de Cachoeira do Sul – acabou tirando o prêmio de 1º lugar entre outras tantas composições.
Na oportunidade ela se fez presente no evento e viveu momentos de muita emoção ao ver sua vida ser retratada em uma bela música para um grande público, que, em sua maioria sequer sabia de sua existência. Tal música até hoje faz sucesso entre as intérpretes femininas em suas apresentações e em festivais.
Na época, sensibilizado pelas condições miseráveis de vida de Dona Olmira, Nilo Brum por ser advogado e Promotor de Justiça, entrou com um processo reivindicando o pagamento de uma pensão que ela, com certeza, teria direito pelos serviços prestados à Brigada Militar. Para tal recolheu documentos e comprovantes de suas atividades. Por ironia do destino, logo em seguida, “Cabo Toco” acabou por falecer, em 1989, com mais de 85 anos de idade e bronquite acompanhada de problemas respiratórios. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Municipal de Caçapava do Sul.
Para muitos, “Cabo Toco” continua sendo desconhecida, ou, simplesmente uma lenda, como para o industrial Vicente Lopes Leão, de Cachoeira do Sul, que até deparar-se com ela pessoalmente na Paróquia de São José, aproximar-se e fazer amizade, pouco sabia sobre sua vida. Assim como para quase todos, não passava de uma velha senhora que transitava pelas ruas da cidade em sua velha carroça, com um facão para o caso de necessidade, causando medo em quem não a conhecia.
Vicente era um dos poucos amigos que a visitavam, já que não tinha filhos e os sobrinhos não a procuravam. Para muitos, sua história não passava de folclore, outros nem mesmo a conheciam, pois a própria história a excluiu de suas páginas, fazendo com que poucos conhecessem seus feitos. Já em Ijuí, seu apelido foi adotado por um grupo de arte nativa e também virou nome de uma rua. Essa é uma breve síntese da vida desta mulher guerreira e valente, que apesar de seus feitos e do sucesso da música feita em sua homenagem, não teve o devido reconhecimento em vida.
Olá Renata, ao cumprimetá-la, cordialmente, mostrei-me comovido pela História da CABO TOCO, a qual trabalhou na linha de frente da Brigada Militar, instituição a qual faço parte.E, em virtude de estar cursando 7º semestre do Licenciatura- História, UNIPAMPA, no meu TCC irei pesquisar sobre a História das mulheres nas corporações das Polícias militares do Brasil, com atenção especial ao RS e na cidade de Jaguarão. Dessarte, solicito a possibilidade de você me enviar as fontes do material que você pesquisou sobre a Cabo Toco. Respeitosamente,
ResponderExcluirMoisés Braga Teixeira- Soldado Brigada Militar- tel: (53)84458619 mbt2905@gmail.com
Olá Renata Boa tarde.
ResponderExcluirQue lindo esse seu trabalho desenvolvido sobre esse pérola da história militar feminina do Rio Grande do Sul e da Brigada Militar. Pois em 1985 eu tive o privilégio de conhecer e conversar bastante com Cabo Toco, no pátio interno da EsFAS em Sta Maria-RS. Na epoca ela foi homenageada pelos alunos durante a realização de um festival de músicas interno denominado de Canto e Reflexão.
Correção: O ano foi 1988.
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